Nossa experiência com a sonda nasoenteral
- Vinícius Costa
- 21 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
Meu nome é Vinicius e eu sou pai da Melissa, que fez uso de sonda nasoenteral para alimentação por um ano e meio. Minha família foi acolhida de uma maneira sensacional por outras famílias que viveram as mesmas circunstâncias e as informações que nos foram transmitidas e todo o suporte que recebemos da coletividade foram inestimáveis. Então, sinto que agora é a minha vez de contribuir para as famílias que, no futuro, se encontrem diante da mesma situação. E a minha contribuição será, inicialmente, na forma de relato sobre a nossa experiência, com dicas do que funcionou para nós. Minha expectativa é que nossa experiência seja útil à comunidade. Com 28 dias de vida, Melissa precisou ser internada com pneumonia. Havia a necessidade de chegar aos quatro meses com no mínimo 4kg tornando-se assim apta a realizar a cirurgia de correção cardíaca. O problema era que por conta da cardiopatia, ela não conseguia sugar e com muita dificuldade fazíamos pouco leite pela seringa, pois, ela dormia e de tão cansada, não acordava.
Na UTI, passaram a sonda nasoenteral.

Uma maneira de faze-la receber alimentação de forma passiva. Mas não ficaríamos lá até a cirurgia. Voltamos para casa em regime de home care e no período de um ano e seis meses que ela levou para fazer a transição da dieta enteral para oral, descobrimos muita coisa que pode ser útil.
Troca: • Alternar as narinas, evitando que um lado do rosto fique com mais dificuldade de ser trabalhado pelo profissional de fonoaudiologia; • Caso a criança não puxe, efetuar a troca todo mês, para minimizar o risco de infecção; • Não tenha vergonha de perguntar a pessoa responsável se ela tem experiência e se sente segura para realizar o procedimento. A criança não entende o que está ocorrendo e naturalmente chora de desespero, um profissional experiente faz a passagem de forma rápida, o inexperiente pode ferir a criança e impedir a alternância de narina, fora o sangramento da mesma, que pode exigir a aspiração, outro procedimento incômodo para o paciente. Na nossa experiência, foi um pouco chocante perceber que a grande maioria dos profissionais de saúde que tivemos contato não tinha ideia de como fazer. • Se possível, uma pessoa segurando as pernas e tronco, outra os braços e uma com o desenho preferido da criança. Ela vai chorar, mas, quanto mais rápido, menos incomodo.
Fixação: Nos hospitais, é comum a fixação dessa forma.

Melissa ficou muito machucada e com a pele irritada com o uso contínuo do esparadrapo. Também é comum usarem uma espécie de adesivo (semelhante a um papel filme), que sai com o suor horas depois. Após muita tentativa e erro e dicas de amigos, chegamos no que foi a melhor combinação que conseguimos.

Um pedaço de Hidrocoloide fino, marca Comfeel sobre a pele, o cabo da sonda e uma tira de Hypafix um pouco maior que a de baixo. Essa fixação permite melhor movimentação da face e menos risco de soltar com água (embora seja importante evitar o contato direto com chuveiro, por exemplo). Mantendo dessa forma, a cada quatro dias em média você observará a necessidade de trocar a fixação, pois, o Hypafix vai começar a soltar as pontas.
Em situações de necessidade, você pode cortar um pedaço menor de Hypafix e colocar por cima do anterior (se possível, cortando as pontas soltas antes. Mesmo em contato direto com a pele, machuca muito menos.


A ponta da sonda ficava presa no cabelo, evitando deixar solta e correr o risco dela puxar ou prender em algo. Tomando cuidado sempre com grampos com dentes que possam furar o cabo.
Trocando a fixação: • Com a criança dormindo, uma pessoa coloca ela no colo com a face da fixação virada para cima; • Uma segunda pessoa (se possível) molha uma ponta de um cotonete com Dersani Baby e começa a girar lenta e delicadamente a partir da parte mais solta do Hypafix para a parte colada, sempre passando por baixo do hidrocoloide; • Com a fixação solta, segura-se a parte da sonda que sai da narina, para evitar de puxar sem querer; • Passe uma gaze com um pouco de Dersani onde a fixação estava presa e depois uma gaze seca; • Coloque a nova fixação.
Gavagem: Processo de realizar a dieta sem a bomba, dá mais trabalho, mas, em algumas situações é necessário. • Escolha um lugar calmo, com poucas pessoas; • Conecte uma seringa de 20ml sem o êmbolo (o cabinho que tem dentro) na ponta da sonda; • Encha delicadamente a seringa; • Quanto mais alta, mais rápido o conteúdo desce. Com o tempo você vai ter ideia do ritmo a ser administrado, pois, cada caso é um caso. • Sempre deixe seringas, gazes e leite para duas dietas na bolsa da criança. Você nunca sabe qual imprevisto pode ocorrer ao sair.
Tenha sempre em mente que cada caso é um caso e nada aqui substitui a orientação dos profissionais que acompanham a criança, estamos apenas dividindo com você a nossa experiência.
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