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Óleos Essenciais para a síndrome de Down - os fundamentos para o uso do Balance (Parte 1)

  • Gisele Fontes
  • 29 de jul. de 2019
  • 7 min de leitura

Há alguns dias o Comuna Diversa iniciou a pesquisa e a publicação de informações sobre a eficácia dos óleos essenciais que compõem o protocolo da DōTERRA para a síndrome de Down. A primeira publicação foi sobre o Frankincense. Hoje, vamos falar sobre o Balance.

O Balance é um mix composto por 6 óleos: - Frankincense - Spruce Leaf - Ho Wood Leaf - Blue Tansy Flower - Blue Chamomile Flower - Osmanthus Flower

Como já vimos o Frankincense, vamos abordar os outros cinco, dividindo o post em cinco partes em razão da quantidade de informações e publicações sobre os mesmos. Iniciaremos com o Spruce Leaf.

O Spruce ou Abeto, é uma das 53 espécies de coníferas do gênero Abies, que compõem a vegetação do clima temperado. De todas essas espécies, historicamente três delas têm os óleos essenciais extraídos de suas folhas ou resina utilizados como óleos medicinais em comunidades tradicionais ao redor do mundo em razão do seu potencial terapêutico. Essas espécies são conhecidas como Abeto.

O Abeto utilizado no Balance é o Abeto Balsâmico (Abies Balsamae), nativo da América do Norte e historicamente utilizado pelas comunidades tradicionais indígenas norte americanas como óleo curativo em razão da eficácia dos seus princípios ativos.

Existe ainda o Abeto Siberiano, nativo obviamente da Sibéria e também da Mongólia e o Abeto Prata, nativo da Europa. A composição de todos os Abetos é muito similar, razão pela qual os estudos publicados sobre a ação das outras espécies também serão considerados.

O uso terapêutico deste óleo essencial em diversas culturas é histórico. Há, inclusive, referência na Bíblia ao seu uso, que nas Escrituras recebe o nome de “Bálsamo de Gilead”. Provavelmente é esta a origem do uso da expressão “bálsamo” associada ao Abeto Balsâmico. A ligação com o cristianismo se estende às coníferas de onde se extrai o Abeto.

Segundo Fábián László Flégner, “ A árvore de abeto possui uma antiga associação com o cristianismo, que começou na Alemanha cerca de 1.000 anos atrás quando São Bonifácio, quem converteu os alemães ao cristianismo,disse ter vindo de um grupo de pagãos que tinham por adoração a árvore do carvalho. São Bonifácio diz ter cortado o Carvalho ao chão e para seu espanto, um jovem abeto nasceu das raízes do carvalho. São Bonifácio tomou isto como um sinal da religião cristã.

Porém, até por volta de 1.700, o uso de árvores de natal existiu restritamente somente no distrito de River Rhine. De 1.700 em diante, quando o uso de lâmpadas foi aceitas como parte das decorações, a árvore de natal veio a se tornar uma tradição na Alemanha. Então, a tradição atravessou o atlântico com os soldados hessianos. Porém algumas pessoas ligam o uso de árvores de natal a períodos ainda mais antigos. Os egípcios, por exemplo, na celebração do solstício de inverno, colocavam palmas verdes em suas casas como “símbolo do triunfo da vida sobre a morte”. O uso das folhas de palma pode ser visto também na Bíblia quando Jesus entrou na cidade e foi recebido com ramos de palma, algo derivado da antiga tradição egípcia e que teria sido copiado depois pelos romanos. Diz-se que os primeiros escandinavos teriam homenageado à árvore de abeto.” (Guia de Óleos Essenciais de Todo o Mundo. Ed. Laszlo, 2009/2010)

O óleo essencial extraído do Abeto apresenta alta concentração de substâncias do grupo dos monoterpenos (os estudos falam em 96%) e uma porcentagem entre 10 a 15% de Acetato de Bornila, um éster que comprovadamente possui propriedades ansiolíticas, anti-inflamatórias, anti espasmódicas, antifúngicas e bactericidas, o que justifica o uso secular deste óleo pelos indígenas norte americanos como expectorante e cicatrizante, além do uso espiritual nas cerimônias religiosas.

A atividade antifúngica, bactericida e bacteriostática desse óleo essencial já foi demonstrada em publicação de 2001 (nesta publicação chama especial atenção a eficácia contra Candida Albicans) e confirmada por outras duas publicações, de 2006 (eficácia contra Staphylococcus aureus) e 2007 (Diz a conclusão: “A atividade antibacteriana do óleo foi avaliada contra nove microrganismos usando métodos de difusão de disco e microdiluição em caldo. O óleo essencial exibiu alguma atividade antibacteriana de amplo espectro contra os organismos testados, incluindo o Staphylococcus aureus resistente à meticilina.”).

Esta é uma ação bastante importante para aquelas pessoas que, em razão da imunodeficiência que possuem, como as pessoas com síndrome de Down, que possuem imunodeficiência congênita não monogênica segundo conclusão dos estudos de pesquisadores da USP liderados pela médica Magda Carneiro Sampaio, estão mais suscetíveis à ação de bactérias e fungos.

Muito embora não haja alta recorrência de tumores sólidos na síndrome de Down, é relevante ressaltar que há indicativos da eficácia do Óleo de Spruce/Abeto nesta situação. Em 2003, pesquisadores franceses testaram a ação destes compostos em células de tumores sólidos e constataram que, nessas células, o óleo reduz a Glutationa celular (GHS) e aumenta as espécies reativas de oxigênio, produzindo, assim, um efeito citotóxica que combate as células cancerosas testadas (todas de tumores sólidos). Eis o resumo da publicação: “Atividade antitumoral do óleo de bálsamo: produção de espécies reativas de oxigênio induzidas pelo alfa-humuleno como possível mecanismo de ação. (...) A atividade antitumoral do óleo essencial de Abies balsamea (óleo de bálsamo de abeto) foi avaliada contra várias linhagens de células tumorais sólidas, incluindo MCF-7, PC-3, A-549, DLD-1, M4BEU e CT-26. Verificou-se que o óleo de bálsamo de abeto era activo contra todas as linhas celulares de tumor sólido testadas, com valores de GI50 variando entre 0,76 e 1,7 mg / mL. O óleo foi analisado por GC-MS e a citotoxicidade de cada constituinte do óleo foi determinada. O óleo de abeto de bálsamo é essencialmente constituído de monoterpenos tau; 96%) e alguns sesquiterpenos. Todos os compostos testados foram inativos (tau; 250 microM), exceto para alfa-humuleno (GI50 = 55 a 73 microM), o que, portanto, parece responsável pela citotoxicidade do óleo. Nós também testamos a citotoxicidade do óxido de cariofileno, que se mostrou inativo, e gama-cariofileno, que foi encontrado para ser ativo contra todas as linhas de células tumorais sólidas testadas. Nós avaliamos os efeitos do óleo de bálsamo e alfa-humuleno sobre o conteúdo de glutationa celular (GSH) e sobre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). O óleo de abeto de bálsamo e o alfa-humuleno induziram uma diminuição dependente da dose e tempo no conteúdo de GSH celular e um aumento na produção de ROS. Estes resultados sugerem que a depleção de GSH e a produção de ROS podem estar implicadas na citotoxicidade do alfa-humuleno e óleo de bálsamo.”

Já os efeitos analgésico e anti inflamatório do óleo de Abeto foram constatados em estudo com ratos modelo em 2004.

As propriedades dos ésteres presentes neste óleo essencial (acetato de bornilla), o tornam eficaz para processos respiratórios como asma, tosse, rinite, bronquite, sinusite e alergias respiratórias em geral, por um lado, assim como o torna eficaz para o controle da ansiedade, estresse, irritação e outras questões positivamente afetadas pelo seu poder ansiolítico. Isso acontece devido a presença conjugada de acetato bornílico e monoterpenos, que agem especialmente tonificando e harmonizando as supra-renais, equilibrando a produção de hormônios de stress e melhorando a liberação de cortisona natural do corpo, o que pode ajudar também em casos de dores e processos inflamatórios e alérgicos.

O alto teor de monoterpenos também é eficaz em cálculos renais e da vesícula, onde age dissolvendo e auxiliando na expulsão dos mesmos. E seu efeito anti espasmódico é útil para os processos de cólicas intestinais e menstruais, assim como para espasmos musculares, contribuindo também para o combate à fadiga e cansaço físico.

Há ainda, indicações de ação eficaz contra dermatites, psoríase, alergias cutâneas em geral e melasmas, assim como no detox de ácido úrico quando usado em massagens. Porém, apesar de tantos aspectos positivos, a indicação do óleo de Spruce/Abesto se deve essencialmente à ação do acetato de bornila presente no óleo diretamente no cérebro, reduzindo a produção excessiva de ACTH e promovendo o bloqueio da quebra enzimática do GABA, neurotransmissor responsável por uma ação sedativa do Sistema Nervoso Central e que está desregulado na Trissomia 21, desregulação esta que atualmente é associada à deficiência cognitiva vinculado à síndrome de Down. (Sobre o efeito do acetato de bornila da raiz de valeriana (2). Sobre a desregulação do sistema GABAérgico na síndrome de Down).

Não há parâmetros para verificação de efeitos positivos sobre a cognição após o uso do óleo de Abeto em pessoas com síndrome de Down, mas os estudos sobre os efeitos do acetato de bornila concluem pela resposta positiva na irritação, raiva, ansiedade e tensão, em todas as pessoas, justamente pela ação deste éster sobre o sistema GABAérgico. Neste sentido, não seria ilógico afirmar que os efeitos produzidos no Sistema Nervoso Central criam condições para um melhor desempenho cognitivo.

Há que se ressalvar, no entanto, que a ação do acetato de bornila sobre a produção de ACTH recomenda cautela em pessoas com T21 que apresentem síndrome de West ou outros tipos de espasmos associados.

Por fim, estudo com ratos modelo sobre a eficácia de conífera (Abies) koreana cuja composição é similar à do Abeto utilizado no mix Balance, demonstra sua eficácia na recuperação da memória no Alzheimer. Eis a conclusão do estudo: “Abies koreana Wilson (A. koreana) é uma árvore perene arbustiva ou amplamente piramidal endêmica nas regiões montanhosas da Coreia do Sul. Obtivemos o óleo essencial (EO) de folhas de agulha alpina de A. koreana pelo método de extração com fluido supercrítico (SFE). O OE foi analisado por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (GC-MS), e 68 compostos foram identificados constituindo 95,66% do óleo. Os principais componentes foram elemol (11,17%), terpinen-4-ol (9,77%), sabineno (8,86%), 10 (15) -cadien-4-ol (7,16%), alfa-terpineol (6,13%), alfa -pineno (6,07%) e gama-terpineno (4,71%). Para investigar os efeitos de melhoria da memória, realizamos um teste de esquiva passiva usando um modelo de camundongo com amnésia induzida por escopolamina (1 mg / kg, ip). Uma injeção peritoneal de OE de A. koreana (100 mg / kg) mostrou um efeito de melhora da memória de 72,7% em comparação com o controle. Estes resultados sugerem que o OE de A. koreana pode ser um agente terapêutico útil contra tais doenças indutoras de amnésia como o Alzheimer e a demência vascular.” Como já sabemos, a síndrome de Down é associada à Doença de Alzheimer.

 
 
 

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