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Óleos Essenciais para a síndrome de Down - os fundamentos para o uso do Balance (Parte 2)

  • Gisele Fontes
  • 30 de jul. de 2019
  • 7 min de leitura

Dando seguimento às informações sobre os óleos essenciais que compõem o mix Balance, hoje falaremos sobre o Ho Wood Leaf, extraído das folhas da árvore cujo nome científico é Cinnamomum Camphora (Ho Sho), popularmente conhecido como cânfora. Há uma distinção na composição dos óleos extraídos de partes distintas da árvore Cinnamomum Camphora. Originalmente é uma árvore nativa da China, India, Mongolia, Japão e Taiwan, mas, atualmente, é encontrada em todos os continentes. O óleo usado pela DōTERRA no mix Balance é o extraída das folhas (Leaf) e sua composição é similar entre os óleos extraídos das várias espécies de folhas de cânfora ao redor do mundo. A semelhança da composição foi observada por pesquisadores brasileiros ao compararem a composição do óleo extraído no sul do Brasil a diversos outros: “O óleo de folha de Ho-Sho, obtido em Caxias do Sul, apresentou 31 componentes. 94% da composição é feita por monoterpenos e 2% por sesquiterpenos. Terpenos oxigenados representaram 81% do total, sendo a cânfora o principal componente (68%) e o linalol o segundo mais importante (9%). O conteúdo de cânfora foi semelhante ao descrito para os óleos de folha do Paquistão (Sattar et al., 1991) e da Costa do Marfim (Pelissier et al., 1995). O óleo de folha de Ho-Sho foi formado quase exclusivamente por linalol (95%), com nenhum outro constituinte representando mais de 1%. Neste, o produto é semelhante às composições mais comuns descritas na literatura (Lin e Hua, 1987; Tao et al., 1987; Fujita et al., 1974; Dung et al., 1993), onde o teor de linalol variou de 66%. para 91%. Os conteúdos de cineol e nerolidol descritos para amostras de cetain (Lin e Hua, 1987; Nguyen et al., 1994) não puderam ser confirmados em amostras brasileiras.” São muitos e históricos os usos da cânfora em sociedades diversas (o Vick Vaporub é de 1885, porém, infelizmente, possui petrolato em sua composição). Seu uso é associado aos processos inflamatórios e de expectoração do sistema respiratório - bronquite, asma, congestão, assim como a processos inflamatórios articulares como reumatismo e lesões ou dores diversas. Esse uso disseminado certamente garantiu o interesse da pesquisa científica, resultando em um alto número de publicações sobre a composição, ação e toxicidade da cânfora.

Algumas dessas publicações se destacam. A mais antiga, uma revisão de 2007, está assim resumida: “Óleos essenciais e seus constituintes voláteis são amplamente utilizados para prevenir e tratar doenças humanas. O possível papel e modo de ação destes produtos naturais é discutido com relação à prevenção e tratamento do câncer, doenças cardiovasculares incluindo aterosclerose e trombose, bem como sua bioatividade como agentes antibacterianos, antivirais, antioxidantes e antidiabéticos. A sua aplicação como intensificadores naturais de penetração na pele para administração transdérmica de fármacos e as propriedades terapêuticas dos óleos essenciais em aroma e massagem terapêutica também serão delineadas.

Já em 2009, outra revisão relacionou os efeitos terapêuticos já descritos na literatura científica até então (mutageniticidade e cancerogeniticidade), assim como confirmou a sua toxicidade quando ingerida, razão pela qual a recomendação é de que o óleo essencial seja difundido ou usado topicamente.

Uma terceira publicação que merece destaque é de 2012: “De acordo com estudos fitoquímicos anteriores, tem sido relatado que Cinnamomum camphora contém alcalóides e óleo essencial, tais como cânfora (Miyazawa et al., 2001) e proteínas de inativação de ribossomo Tipo II (cinnamomin e canforina) (He e Liu, 2003). Sesquiterpenoide (Lin et al., 2009), diterpenos (Ngoc et al., 2009b), butanólidos, lignanas, flavanoides, benzenoides, esteroides e compostos alifáticos (Chen et al., 2007) são amplamente distribuídos em plantas do gênero Cinnamomum. Constituintes da Cinnamomum camphora mostraram atividades biológicas como antitubercular (Chen et al., 2005), inibidor de tirosinase (Ngoc et al., 2009a), antinociceptivos (Atta e Alkofahi, 1998), antiarrítmica (Su et al. , 1999) e antioxidante (Lee et al., 2006)”.

Por fim, uma revisão de 2013 sobre a eficácia e segurança do PADMA 28, fitoterápico à base de cânfora comercializado desde a década de 70 do século passado na Suíça, nos apresenta um quadro geral da eficácia terapêutica da cânfora: RESULTADOS: 29 ensaios (1 meta-análise, 21 ensaios controlados, 7 ensaios abertos) e 3 estudos de caso retrospectivos foram encontrados. Eles lidam com diferentes indicações e incluem um total de 1.704 verum (destes, 697 crianças), 333 placebo e 394 pacientes não tratados ou saudáveis. Abates e retiradas foram 2,5 e 3,5 vezes maiores no grupo placebo do que no grupo verum, respectivamente. O maior nível de evidência para o uso de Padma 28 foi encontrado na indicação de claudicação intermitente (11 ensaios). Indicações de eficácia também foram encontradas em outras doenças vasculares (6 ensaios) e diferentes doenças inflamatórias (12 ensaios). CONCLUSÕES: Os resultados sugerem um perfil de segurança favorável para o Padma 28, também nas crianças examinadas (41% da população do estudo). Além disso, os resultados mostram um amplo campo de aplicações. De acordo com evidências clínicas, o Padma 28 mostrou ser uma opção de tratamento sintomático seguro e eficaz para doenças relacionadas à aterosclerose, como a claudicação intermitente. Também parece ter um potencial para aplicação em certas doenças inflamatórias crônicas, como infecções recorrentes do trato respiratório, hepatites virais e esclerose múltipla. No entanto, mais ensaios clínicos randomizados (RCT) são necessários para confirmar esses achados.”

A ação do PADMA 28 nas doenças inflamatórias crônicas e nas infecções recorrentes do trato respiratório são muito interessantes para as pessoas com síndrome de Down e, além desses resultados, que já são muito positivos, um estudo de 2011 com ratos modelo concluiu pela eficácia do PADMA 28 para a prevenção da diabetes tipo 1, com efeitos animadores no sistema imunológico. Diz o resumo da publicação: “O Padma 28 é uma preparação à base de ervas multicomponente baseada nas fórmulas de cânfora da medicina tibetana tradicional (TTM). Ele contém uma variedade de diferentes substâncias vegetais secundárias, que incluem terpenos e polifenóis, como flavonóides e taninos. A fórmula é usada em várias doenças inflamatórias crônicas. O objetivo deste estudo foi investigar se as substâncias vegetais secundárias presentes no Padma 28 são capazes de prevenir o desenvolvimento de diabetes autoimune. Ratinhos NOD fêmeas foram administrados com um extracto aquoso de Padma 28 intraperitonealmente (i.p.), subcutaneamente (s.c.) ou per os (p.o.) durante um período de 13 semanas. O desenvolvimento de diabetes mellitus auto-imune tipo 1 foi monitorado durante 24 semanas. Os ratinhos tratados e não tratados com solução salina serviram como controlos. Após 24 semanas, 20% dos grupos de controlo estavam isentos de diabetes enquanto 100% e 80% dos animais administraram extractos aquosos de Padma 28 i.p. ou s.c., respectivamente, eram isentos de diabetes. No p.o. grupo, 33% eram livres de diabetes. Nos controles, apenas algumas ilhotas pancreáticas haviam sobrevivido. Animais tratados i.p. com Padma 28 tinha ilhotas preservadas com infiltrações mínimas de linfócitos. C�ulas de ba� de animais tratados i.p. ou s.c. com Padma 28 e estimuladas com concanavalina A mostraram elevações significativas nos níveis de interleucinas (IL) -10, IL-6 e IL-4. No plasma, o nível da citoquina IL-12 Th1 diminuiu na injecção i.p. grupo. Tratamento Padma 28 pelo i.p. A via de administração mostrou uma diminuição significativa nas células citotóxicas CD8, que foram implicadas na destruição das ilhotas. Os resultados apóiam o uso de substâncias vegetais secundárias, como flavonóides, em doenças autoimunes inflamatórias. Os resultados sugerem que o Padma 28 tem efeitos imunomoduladores associados a uma mudança da resposta imune Th1 para Th2 e pode ter efeitos protetores contra o diabetes autoimune.”

Como já indicado no post anterior sobre o Balance, em que avaliamos o óleo de Spruce/Abeto, a síndrome de Down implica em um tipo de imunodeficiência congênita que favorece não apenas as infecções de repetição como também o surgimento de doenças autoimunes. Dentre as doenças autoimunes, a diabetes mellitus ou diabetes tipo 1 ou diabetes autoimune é uma das mais recorrentes entre as pessoas com síndrome de Down.

Portanto, a eficácia preventiva da cânfora sobre a diabetes é muito relevante para quem tem T21.

Outro aspecto importante para a síndrome de Down é o efeito deste óleo essencial no alívio da dor e da inflamação nas articulações e músculos. O óleo ativa alguns canais chamados de TRP (potencial receptor transitório) como TRPV1, TRPV3, TRPM8 e inibe outros, como o TRPA1, e por isso produz sensação de calor e dessensibilização dos nervos sensoriais, o que por sua vez alivia a dor, a coceira e a irritação na área aplicada. Também são inúmeros os estudos sobre a eficácia dos componentes da cânfora no auxílio ao combate e controle do câncer, quer seja pelo uso isolado, quer seja pelo uso em associação a outros tratamentos. Há, inclusive, medicação contra o câncer de mama e de próstata desenvolvida no Canadá, chamada de 714-x, submetida a análise que resultou em publicação de 1998 onde se lê: “Alguns estudos em animais usando extratos do arbusto C. camphora, que é a fonte natural de cânfora, demonstraram alguma evidência de atividade biológica de valor potencial no tratamento do câncer. Estes incluem melhora de algumas medidas da função imunológica, aumento da degradação enzimática de carcinogênicos e aumento da suscetibilidade de células cancerosas à radiação. No entanto, a pesquisa sobre os efeitos da cânfora permanece em um estágio inicial, embora a substância tenha sido usada como medicina popular nos séculos passados. Tomada internamente, a cânfora pode ter sérios efeitos tóxicos.”No entanto, a baixa incidência de câncer sólido em pessoas com síndrome de Down nos demonstra que a indicação do óleo de Ho Wood para a composição de um protocolo para a T21 decorre da eficácia dos compostos deste óleo para outras situações mais recorrentes.De fato, a inclusão do Ho Wood no protocolo da síndrome de Down tem muito mais relação com o efeito protetivo que seus componentes possuem sobre o DNA, efeitos esses que evitam danos ao DNA e aos cromossomos nas situações em que compostos tóxicos agridem o DNA, como os agrotóxicos. Estudo realizado com ratos modelo demonstrou que, aliado a este efeito protetor do DNA contra a genotoxidade causada por herbicida, a cânfora ainda regula a glutationa e a peroxidase lipídica, o que é muito interessante para a síndrome de Down porque as pessoas com T21 têm a produção endógena de Glutationa afetada pela triplicação do gene CBS, que altera o ciclo metabólico de produção dos aminoácidos que a constituem. Eis o resumo do estudo: “Resumo: A atrazina (AT) é um dos herbicidas mais utilizados no controle de gramíneas e plantas daninhas. A contaminação generalizada e a persistência de resíduos de AT no ambiente resultaram em exposição humana. O presente estudo foi realizado para investigar o efeito protetor do Extrato de Folhas Cinnamomum Camphora (CLE) contra a genotoxicidade induzida por AT e alterações bioquímicas em camundongos. Os ratos receberam um extrato de água quente 2% Cinnamomum Camphora como sua única fonte de água potável por 2, 4 e 6 semanas. Após o consumo de animais CLE foram tratados oralmente com AT numa dose total de 420 mg / kg de peso corporal em 3 dias consecutivos. Nossos resultados mostraram que a administração de CLE reduziu significativamente a porcentagem de danos no DNA e aberrações cromossômicas induzidas por AT. Além disso, regula as enzimas glutationa e peroxidase lipídica. Estas descobertas demonstraram claramente o efeito protetor do CLE na atenuação da genotoxicidade induzida por AT e alterações bioquímicas.”

Sobre a diminuição da produção endógena de glutationa em todas as suas formas na síndrome de Down. A regulação da glutationa é fundamental para o controle do estresse oxidativo e dano celular inerentes à triplicação do cromossomo 21.

 
 
 

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