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Eu quero um país que não está no retrato

  • Vivian Pereira Nunes
  • 6 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

A profecia do meu amigo Dionísio Cristóvão, assistente social, apaixonado por Carnaval, se cumpriu esse ano na avenida. A Mangueira fez um desfile incrível, questionador, provocante na Marquês de Sapucaí. Samba e enredo colocados para trabalhar juntos para evidenciar o racismo estrutural, o preconceito na forma como somos retratados ou excluídos do retrato, para sermos mais precisos.

A escola já levou o Estandarte de Ouro. Agora é esperar a apuração para saber o que os jurados acharam. No quesito ativismo, já temos nota 10. Confira a seguir a avaliação de quem entende do assunto e o que diz a sinopse do samba enredo.

"Eu sou portelense com muito orgulho e gosto de escolas de samba porque acredito na dimensão pedagógica dos desfiles, das quadras, que são (ou deveriam ser) espaços de resistência em meio ao racismo estrutural. Esse entendimento me fez considerar o enredo da Mangueira da maior relevância! Leandro Vieira, mais uma vez assertivo, constrói um enredo que nos chama a refletir sobre a negação histórica e cotidiana do povo preto e indígena. É tão significativo ver a comunidade da Mangueira, tão massacrada, cantando que “desde 1500 houve mais invasões do que descobrimento”. Só de pensar eu já fico emocionado! Vem Mangueira!!"

“HISTÓRIA PRA NINAR GENTE GRANDE é um olhar possível para a história do Brasil. Uma narrativa baseada nas “páginas ausentes”. Se a história oficial é uma sucessão de versões dos fatos, o enredo que proponho é uma “outra versão”. Com um povo chegado a novelas, romances, mocinhos, bandidos, reis, descobridores e princesas, a história do Brasil foi transformada em uma espécie de partida de futebol na qual preferimos “torcer” para quem “ganhou”. Esquecemos, porém, que na torcida pelo vitorioso, os vencidos fomos nós. Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar heróis "dignos" de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma “princesa” e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo.” (trecho da sinopse )


 
 
 

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